Eslovênia. A maioria nem sabe onde fica esse belo país. Muito menos que lá são produzidos vinhos. E bons.
Por conta de uma grande amizade, tomei contato com a produção vinícola desse país. Experimentei Cabernet Sauvignons, alguns assemblages de uvas bordalesas, Modra Frankinja (Blaufränkisch), espumantes... Tudo realmente muito bom, acima da média do que se vê por aí. Mas tirando esse meu amigo que trazia as garrafas sempre que possível, quando vinha visitar nosso belo país, confesso que não via em lugar algum vinhos eslovenos.
Mas eis que o pessoal da
SBAV resolveu realizar uma degustação com a Simcic (simchich que se pronuncia, na escrita correta os dois c(s) da palavra têm um acento parecido com um til).
Esse pessoal esteve no Brasil por conta do evento da
Decanter, o qual eu infelizmente perdi, para mostrar os seus vinhos. E pelo que me disseram, foram muito bem falados.
Eles estão localizados em um vilarejo chamado Ceglo, na região de Gorska Brda, na fronteira com a Italia. Na verdade, pelo que a Valerija (esposa do Marjan, dono da vinícola e principal responsável pelos vinhos) disse, a maior parte do terreno deles está na Italia. Apenas 20 km separam eles do mar, e para o outro lado estão eles: os Alpes. Ao total são 18 Ha.
O solo do local é especial também, chamado Opoka no idioma local, bem rico em minerais.
A produção totaliza cerca de 90.000 garrafas/ano, de 4 linhas:
- Classic, com varietais de Sauvignonasse, Pinot Grigio, Ribolla (Rebula) e Chardonnay
- Selection: Sauvignon Blanc, Ribolla, Chardonnay, Teodor (assemblage) Branco e Tinto, Pinot Noir
- Opoka: Ribolla, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Merlot
- Leonardo (sobremesa).
Os vinhos degustados foram os que estão em negrito acima.
Começamos pelo Classic Rebula:
Uma cor palha, bem transparente, delicados aromas de frutas brancas, notadamente pêra. Deu uma impressão doce por conta da sua acidez marcante. Bem fresco mesmo, acredito que harmonizaria bem com diversos pratos mais leves.
O segundo vinho foi o Classic Sivi Pinot (Pinot Grigio):
Esse já tinha um amarelo mais forte, bem bonito também, com aromas florais bem presentes. Enche a boca, bem gostoso, boa concentração, gostei bastante dele.
Bem, aí a brincadeira começou a ficar séria. Nos apresentaram o Opoka Rebula:
Cor ouro, bonito, no nariz algo como um mel tostado (?!?!), um branco de personalidade, quente e fresco, não é pra qualquer um, faz frente a muito tinto por aí... Olha que coisa bonita ele na taça:
22 meses em barricas mais 6 meses em garrafa no mín. Uma potência branca eu diria.
Aí logo depois nos trouxeram ele: o Pinot Noir, premiado como o melhor Pinot Noir do velho mundo em 2010 pela Decanter Wine Awards e medalha de prata em 2011 pelo mesmo concurso:
Abriu-se primeiro em algo como um aroma de licor de cereja, e depois foi se transformando e apresentou uma casca de laranja belíssima, como se fosse aquela geléia suave com cascas de laranja (compota). Em boca mostrou personalidade, estava quente ainda. Certamente um vinho para se guardar.
Pra finalizar, nos apresentaram o Teodor Rdece, um blend de 85% Merlot, um pouco de Cabernet Sauvignon e um tiquinho de Cabernet Franc (uva que faz varietais muito bons na minha opinião).
14% de álcool, turvo e de bom corpo. Ainda muito quente, taninos bem presentes, mais um que ainda evoluirá em garrafa, o tempo é difícil dizer. O tabaco se fez notar rapidamente. Certa complexidade, algo me diz que ele promete.
Pra finalizar houve uma tábua de frios e nos ofereceram mais um vinho, um alentejano, Casa de Santa Vitoria. Àquela altura, só lembro que era um bom vinho, reforçando ainda mais a máxima: os alentejanos dificilmente decepcionam!