Num final de tarde completamente engarrafado na quinta-feira dia 21/03/2013, eis que rumei sem me importar para a Grand Cru no Jardim Botânico, para finalmente conhecer o Altaïr a fundo.
O Altaïr foi apresentado pela Claudia Gomez, diretora comercial da marca e uma simpatia de pessoa. Bastante comunicativa, contou-nos com detalhes toda a história, e de quebra nos brindou com uma pequena aula sobre uvas e solos. Carolina completava o time, também com simpatia e desenvoltura.
Embora na degustação não tenham sido apresentadas todas as safras, uma parte interessante da história do vinho foi coberta.
Interessante porque, como algumas outras vinícolas de renome do Chile, formou-se com uma união Chile+França. Porém, segundo ela os franceses "se fueron" em 2007, sendo o 2004 um vinho já com uma cara mais chilena.
Não que anteriormente fosse ruim, muito pelo contrário! Mas o que pude entender foi que os franceses são muito avessos à mudanças ou experimentações. Após 2003, a Syrah passou a fazer parte do blend, o que a meu ver é muito bom, haja vista os belos vinhos com a cepa oriundos dos diversos vales do Chile.
Assim como a Undurraga e outras mais, a Altaïr - que pertence à San Pedro e por sua vez faz parte do grupo VSPT - o segundo maior do Chile - também investiu no trabalho do Pedro Parra, que agora é quase uma lenda no Chile por conta de seu mapeamento de solos dos vales chilenos em conjunto com as vinícolas. Incrível como ela nos contou que em 2002 eram 18 lotes divididos, e hoje são 10 mas com 12 parcelas, e pelo menos 8 seções em cada uma delas! Imagina a trabalheira...
Os vinhedos estão localizados no Alto Cachapoal, com inclinações que chegam a 30 graus em alguns pontos. Sim, são vinhedos de encostas.
A vinícola faz apenas dois vinhos: o Altaïr e o Sideral. O Sideral não é a "sobra" do Altaïr, é outro vinho, conforme a própria Claudia nos informou. O Altaïr fica em grandes tonéis de madeira de 12mil litros para depois descansar em barricas novas de 225 litros e sua maior parte é de Cabernet Sauvignon, enquanto o Sideral descansa em tonéis de aço inoxidável, um pouco maiores que os do Altaïr mas o volume me foge no momento.
Vamos às añadas e ao meu veredicto...
2002: Ainda com vigor e com cor jovem apesar da idade. Sem balançá-lo apareceu algo como chocolate, com o balanço muita fruta. Boa acidez, por conta do frio ano. Álcool ainda, embora sem incomodar. Eu diria que é o mais francês dos apresentados. Belíssimo vinho. Traz também Merlot e Carmenère, em 7% cada.
2003: Jovem, extremamente macio, o mais pronto de todos, cativante, sedoso, profusão de aromas. Vinho de um ano quente, álcool integrado, para conquistar (um coração, um cliente, uma sogra, o que você quiser rs). Carmenère ganha espaço (17%), Merlot perde um pouco (6%) e aparecem a Syrah e a Cabernet Franc, em menores parcelas.
2004: O melhor da noite na minha opinião e de alguns outros presentes. Sem arestas, complexo, mudava muito e sempre para melhor. Possui força ainda. A Syrah figura como segunda uva (15%), um pouco menos de Carmenère (11%) e um tiquinho de Cabernet Franc. Adeus, Merlot.
2005: Ainda merece algum tempo em garrafa, mas tem potencial para ser o melhor já feito. Em alguns momentos pareceu estar melhor que o 2004, embora sempre lembrasse que ainda não está no ponto. Syrah novamente como segundona (12%) e um tico de Carmenère (3%). Esse foi considerado um dos melhores anos do Chile, bem frio.
2006: Nervoso ainda. Mas vai entrar na briga bonito daqui uns anos... Temos além da Cabernet Sauvignon, a Syrah (14%), o Cabernet Franc ressurgindo das cinzas (10%) e a Carmenère dando um toque final (2%).
O Altaïr custa cerca de R$320,00 na Grand Cru, mas nenhuma das safras acima está disponível na loja. Se for comprá-lo, tenha em mente: é vinho para guardar...
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