quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Matua Valley Sauvignon Blanc 2008 e Pierre Ponnelle Chablis 2008



Com um tempo quente desses, os brancos são a solução. Mais uma vez nos reunimos para, pela primeira vez, degustarmos dois vinhos brancos, e dois vinhos de regiões que eu ainda desconhecia.

O primeiro foi o Matua Valley Sauvignon Blanc 2008. E não fez feio defendendo seu país. Um vinho muito agradável, bem refrescante, cítrico no nariz e na boca, de um amarelo mais "forte" que os Sauvignon Blanc da America do sul. E sabor completamente diferente. O final dele porém é mínimo. Vai embora rápido. Algo me diz que essa era realmente a proposta: vinho descompromissado e refrescante.

Depois de um tempo, a palavra que o define é: maçã. Às vezes mostrava uma fruta mais "verde", e talvez um melão. Nos deixou rápido, durou muito pouco mesmo.



A primeira vinícola a produzir Sauvignon Blanc na Nova Zelândia foi a Matua Valley, em West Auckland (Marlborough). Plantam também Pinot Gris, Chardonnay, Pinot Noir, Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah. A identidade visual da marca foi refeita e a meu ver ficou muito bom.



Já o Pierre Ponnelle Chablis 2008 tem mais estrutura, traz aquela leve manteiga ao nariz. Entrada rápida, ele demora um segundo para se mostrar na boca, parece que ele aparece do meio da boca pra trás, com um final longo para um branco, mostra bem a madeira, não é um branco para iniciantes. Essencialmente mineral, muito boa acidez. Ordena uma comida, deu conta muito bem do sanduba de salmão. Muito boa permanência. Belo vinho também.

Pierre Ponnelle foi uma grande figura do século XIX na Borgonha. Fundou sua própria companhia em 1875. Era dedicado aos estudos e montou um laboratório de enologia para aprimorar as técnicas de produção, que na Borgonha eram até então basicamente empíricas. Foi o primeiro a submeter as uvas que comprava a uma análise química preliminar para atestar a qualidade das mesmas.

Nota -> 3.5 de 5 para os dois.

Preços -> R$69,00 o Matua Valley e R$100,00 o Pierre Ponnelle na Lidador.

Sites -> Matua Valley e Pierre Ponnelle.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Bonarda impressões VII - (La Posta Estela Armando Vineyard 2010)


Havia gostado muito da safra 2008 deste vinho. Como os outros confrades ainda não conheciam a casta, sugeri que fosse aberto para que todos tivessem sua primeira experiência com ela.

Mas fiquei um pouco chateado, visto que essa versão 2010 perdeu em complexidade para a 2008. Esse 2010 estava basicamente framboesa no nariz, com uma consistência boa na boca mas um sabor quase adocicado. A textura levemente emborrachada permanece perceptível, mas repito, o 2008 supera e muito essa versão 2010. Depois de um tempo ficou um pouco enjoativo. Pode ser uma opção para quem gosta pouco de acidez e prefere algo mais aveludado.

Nota -> 3.5 de 5.

Preço -> R$54,00 no Rosita.

Site -> La Posta

Montelig 2004 e Pêra Manca 2007



Eu sei, eu sei. Muito quente. Mas graças a Deus alguém inventou o ar condicionado.

Em nosso almoço de despedida de 2012, a confraria mais uma vez se reuniu, para degustar dois vinhaços.

O Montelìg é da Viña Von Siebenthal. A Viña von Siebenthal é resultado do sonho de um advogado e da ajuda financeira de 4 amigos, que se tornou realidade em 1998. Localiza-se em Panquehue, no Vale do Aconcágua, Chile. Já ganhou prêmio de melhor vinícola do Chile, já esteve por aqui com seu belíssimo Carmenère varietal e seus vinhos tem (já de acordo com a nova norma gramatical rs) recebido boas notas do tio Parker. Esse Montelig por exemplo recebeu 93.

Montelig é a fusão de "monte" com "lig", que significa luz. Segundo eles, são os dois elementos mais representativos da paisagem chilena. Esse vinho é um corte de 65% Cabernet Sauvignon, 25% Petit Verdot e 10% Carmenère, com 18 meses em barris novos de carvalho francês.

O vinho é muito, mas muito bom. Já apresenta certa evolução na cor. Você percebe uma quantidade grande de frutas, baunilha, tostado, defumado. Na boca não possui arestas, num conjunto harmônico e belíssimo. A textura é excelente, provoca um sorriso e deixa uma lembrança de café, com um final enorme. Depois de um tempo, a Cabernet Sauvignon domina com o leve mentolado no nariz, e por incrível que pareça um herbáceo surge também, nos fazendo ponderar se a pequena parcela da Carmenère tem toda essa potência. Palmas, muitas palmas.

São 7.095 botellas, e esta foi a 6.701.

No site deles aconselham no mínimo 15 anos de guarda. Para mim o vinho está pronto.

E o Pêra-Manca? Toda essa rasgação de seda para o Montelig? Vai precisar de um poeta para falar do Pêra-Manca...

A história do Pêra-Manca é curiosa. Antes de tudo é necessário esclarecer: o nome é o mesmo, mas dificilmente o vinho é o mesmo que Cabral trouxe e ofereceu aos nossos ancestrais. Muito bem contada pelo colega Copello, o Pêra-Manca desapareceu em 1920 e retornou em 1988, quando o nome foi doado à Fundação Eugénio de Almeida. Acabou tomando o lugar do Cartuxa Garrafeira, que até então era o vinho top da casa.

O "Pêra" é feito apenas em safras consideradas excepcionais, o que sinceramente não parece ter sido difícil no Alentejo: 1990, 91, 94, 95, 97, 98, 2001, 03, 05, 07 e 08. Quando não vira o "Pêra", o vinho é vendido sob a insígnia Cartuxa Reserva, por cerca de 1/4 do preço. O 2008 então está inflacionadíssimo, passando dos R$800,00.

Aí a gente entra em outro assunto, o preço. Mas essa história é longa e controversa, dessa vez não vamos entrar nela. Ou pelo menos ainda. Um fato interessante é que o Brasil absorve boa parte da produção, e até gente que não bebe vinho com regularidade conhece o nome. O que nos leva a outro assunto, o nome forte da marca, mas já estaremos divagando demais.

O pêra-manca é um vinhaço. A base é sempre Aragonez (Tempranillo/Tinta Roriz) e Trincadeira. Começa fechadão, vai se abrindo aos poucos, e durante essa abertura se modifica rapidamente, passeando por todos aqueles aromas que você encontra nos bons alentejanos. Notadamente frutas levemente passificadas e ameixa, com algo das madeiras utilizadas para o vinho descansar. Interessante que são barris de 3.000 litros de mais de 50 anos, onde o vinho fica por cerca de 18 meses.

Na boca ele mostra uma estrutura muito boa, a impressão que deu é que ainda aguenta mais tempo em garrafa, podendo mostrar realmente todo o seu potencial num futuro próximo. Mas já dá um prazer imenso agora. É quase como um doutorado do vinho do Alentejo. Ou pelo menos boa parte dele.

Me desculpem mas não há comparação entre os dois, são estilos distintos, mas experiências interessantes para todos aqueles que apreciam um belo trabalho. O Montelig vai levar leve vantagem por se encontrar, em minha opiniao, pronto.

Notas -> 5 de 5 para o Montelig e 4.5 de 5 para o Pêra-Manca.

Preços -> R$198,00 o Montelig (foi promoção, o preço normal é R$322,00 na Terramater e na Lidador) e R$639,00 o Pêra-Manca no Rosita.

Sites -> Von Siebenthal e Cartuxa.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Jancis Robinson e a Finca La Anita

O colega Rubén Duarte colocou um post interessante sobre o comentário da fera Jancis Robinson sobre a Finca La Anita.

A Finca La Anita para mim é a expressão máxima de qualidade e da proposta que eu acredito ser a melhor hoje em dia: pequenas propriedades dedicadas a produções que prezam pela qualidade. Fora que a finca é lindíssima, e seus funcionários simpáticos e atenciosos.

Tudo o que bebi deles até hoje é muito bom, com destaque para o Linea Tonel 2000 e o Malbec e Syrah 2006.

Ainda tenho algo guardado, inclusive o Merlot 2009 considerado o melhor Merlot da Argentina pelo Descorchados 2012.

Olho neles!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Benchmark Shiraz 2011



Este vinho foi um presente do meu chefe, que é associado à Sociedade da Mesa. Um shiraz australiano dificilmente é ruim, nisso concordamos.

Mas esse garoto surpreendeu pois é de uma acidez diferente dos outros shiraz australianos que conheci até hoje. Pura vocação gastronômica. Bem fresco, gostoso de se beber.

Permaneceu aberto durante um tempo, e me agradeceu destilando uma profusão de frutas, e algo de especiarias, mas as frutas dominaram e muito. Alternavam-se a todo momento.

Não arriscaria dizer que evoluirá na garrafa, porque estava muito bom para beber já. Quem sabe...

A Grant Burge, que fica no vale Barossa, produz uma variedade grande de vinhos, algo como 12 linhas diferentes, inclusive vinhos fortificados à moda dos vinhos do Porto.

Preço -> presente.

Nota -> 3.5 de 5.

Site -> Grant Burge.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Lidio Carraro Grande Vindima Tannat 2005


Muita expectativa em torno desse vinho. Já havia provado o Merlot e o Cabernet Sauvignon da mesma safra.

Havia gostado bastante do Don Laurindo Reserva Tannat 10 anos, da mesma safra. Porém, diferentemente da Don Laurindo, esse tem origem em Encruzilhada do Sul, e não no vale dos vinhedos.

O vinho tem uma consistência pesada, bonito de ver. Sua cor já demonstra evolução. O nariz é bastante complexo, alguma fruta, balsâmicos, café...

A boca é pimenta pura, com algo de mentol. Muito boa acidez e corpo, é um vinho que dá vontade de beber em bicadas, bem devagar, com queijos mais fortes.

Entre esse e o Tannat 10 anos da Don Laurindo, na minha opinião o Don Laurindo ganhou.

Agora só falta o Quorum 2005 da série Grande Vindima da Lidio Carraro, desta magnífica safra.

Garrafa número 2.053 de 3.380 produzidas.



Nota -> 4 de 5.

Preço -> R$134,00 no Castelo de Baco.

Site -> Lidio Carraro.