sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Belas frases sobre o vinho - II

"O vinho é o amigo do moderado e o inimigo do beberrão." (Avicena)

Avondale Gran Reserva Camissa Syrah 2005 + Gimenez Mendez Alta Reserva Arinarnoa 2008 + Roc de Bel-Air Bordeaux 2008


Mais um passeio pela Avondale, que foi seguido por uma curiosidade uruguaia, e uma tradição francesa.

O Avondale Camissa Syrah 2005 era a grande estrela da Syrah da Avondale. Digo era pois eles estão reformulando sua linha, e ainda não terminou o trabalho.

Enfim, torço para que permaneça, pois o vinho estava redondíssimo, começou com leve fruta madura, mas os condimentos logo deram as caras e lá pra perto do finzinho apareceram o alcaçuz e o chocolate, um vinhaço. Tempo entre-goles ínfimo, acabou na velocidade do som.

Invertendo a ordem de degustação, sua cor carmin foi um espetáculo à parte, algo como "me respeita meu amigo", tava na cara que era um vinho já evoluído e com um leque de aromas e sensações, o que se confirmou belamente... Não há arestas, o vinho é top!

Camissa é uma palavra Khoi, significa "o lugar das águas doces". Essas águas irrigam as raízes das vinhas da Avondale.

A propósito, vertendo o néctar no decanter, aos poucos foi aparecendo a enorme mancha na garrafa, dado o depósito. Esse estava parado há bastante tempo na loja, fiquei feliz de ter sido bem armazenado. Nem tente bebê-lo sem decantar.

Ok, ok, comecei pelo vinhaço e depois fui descendo... Mas posso confessar? Não atrapalhou em nada. Combinado que estava com a diversidade de petiscos e queijos, a noite foi perfeita.

Bem, partindo para o segundo vinho da noite, a Arinarnoa é cultivada no Uruguai apenas pela Gimenez Mendez. Essa variedade foi criada em 1956 por Marcel Duquerty, diretor do INRA de Bordeaux. É um cruzamento de Merlot com Petit Verdot. Minha opinião? Deu muito certo. Já provei um da Casa Valduga, e agora esse, bastante superior e muito bom. Tem estrutura e tanino, mas não agride, tem fruta, bom volume e final gostoso. Nariz de algum dos berries e leve mentolado. Valeu cada centavo e superou expectativas.

O Roc de Bel Air foi uma surpresa. Por que? Porque quando abri-o da primeira vez, gostei muito, pra faixa de preço apresentou um leque de aromas bem interessante, na boca até um chocolate de leve surgiu. Mas dessa vez ele era um pimentão. E só. Tava bom, mas muito diferente, fiquei intrigado. Enfim, àquela hora...

Notas -> Camissa: 4.5 de 5
               Gimenez Mendez: 3.5 de 5
               Roc de Bel-Air: 3 de 5

Preços -> Camissa: R$90,00
                Gimenez Mendez: R$39,90
                Roc de Bel-Air: R$19,75

Sites-> Avondale, Gimenez Mendez e Roc de Bel-Air.



Degustação Santa Ema e mais na SBAV

Vinhos apresentados em 23/08:

Salton Reserva Ouro Brut (boas-vindas)
Cava Jaume Serra Cristalino Brut
Santa Ema Merlot 2011
Santa Ema Syrah Barrel Reserve 2010
Pascual Toso Reserve Cabernet Sauvignon 2009
Santa Ema Gran Reserva Merlot 2008
Santa Ema Amplus Carignan 2007

O Salton de boas vindas estava muito bom, aliás a Salton tem bons vinhos no quesito espumante, desde os mais simples até os tops da casa.



Esse Jaume Serra segundo a representante da importadora Vinoteca é um grande sucesso de vendas, tanto aqui quanto na própria Espanha. Achei-o extremamente delicado, não é muito o meu paladar mas certamente um espumante de grande qualidade, ainda mais pelo preço apresentado na noite, e com desconto de 10% para quem estivesse ali na degustação.



O Santa Ema Merlot 2011 é um vinho que faz parte da linha de entrada da vinícola, como se costuma denominar, mas se mostrou bem honesto, não é daqueles que se coloca a uma temperatura inferior para ser bebido mais facilmente (rs). Mas é um Merlot bem diferente.

Aliás, o interessante da Santa Ema, fato enfaticamente repetido, é o seu terroir, seus vinhos são bastante diferentes da média chilena. A Santa Ema está no Maipo, Cachapoal, Casablanca e Leyda.

No caso desse Merlot, seu final mais herbáceo lembrava muito os carmenères de sua faixa comumente encontrados, impressão compartilhada com a Jô Sodré, que estava conduzindo a degustação.




O Santa Ema Syrah Barrel Reserve 2010 chegou bastante aromático, baunilha e floral, um aroma adocicado mesmo, bem interessante. Também diferente do que encontro nos Syrah(s) Chilenos. Na boca um pouco de especiarias, mas no final da degustação (sempre guardo um pouco de cada vinho para degustá-los novamente ao final) já se apresentava bem menos atraente. Fiquei um pouco decepcionado com isso, dada a forma como ele chegou.



O Pascual Toso Reserve Cabernet Sauvignon 2009, o segundo "intruso", um cabernet sauvignon argentino, chegou também "montado" na baunilha, com mais estrutura tânica, e boa persistência. Pra mim foi o número 2 da noite. Fiquei intrigado por sentir inclusive aromas de alecrim, se você já tirou as finas folhas de um ramo, as esfregou na mão e depois cheirou saberá exatamente o aroma a que me refiro. Novamente os Cabernet Sauvignon(s) da Argentina mostram-se bem diferentes dos Chilenos. É outro vinho, com a mesma uva.



Aí rumamos para o Santa Ema Gran Reserva Merlot 2008, o vinho que segundo a simpática representante da importadora (acho que era Jaque o nome dela) fez a fama da Santa Ema. Muito bom realmente, gostei do rótulo (apesar de, se bem entendi, será trocado) e ainda seguindo a linha da Santa Ema, bem diferente dos Merlots que achamos por aí, começando novamente num herbáceo, que sumiu depois de um tempo, mostrando baunilha que passado mais um tempinho se transformou num chocolate dominante, confirmado na boca. Algo bastante diferente e agradável, por sua nitidez. Muito bom, mas perdeu o 2o lugar para o Pascual Toso acima.




E finalmente o vinho que me deu mais curiosidade e me instigou a participar da degustação: o Santa Ema Carignan 2007, vindo de Peumo, lar dos melhores Carmenère(s) do Chile.

Achei incrível que, mesmo com sua concentração e potência, já se encontrava redondo, elegante, trazendo de prima um chocolate também, fora uma sequência de outros sinais mais sutis que à essa altura eu já não conseguia descrever.



Findada a degustação, a SBAV nos mimou com uma tábua de frios e um Pascual Toso um degrau abaixo do que foi degustado, do mesmo ano. O legal foi que parecia realmente ser um irmão mais novo e mais rústico do Reserve, sem a delicadeza de aromas porém. Esse não estava à venda mas já achei a R$29,00 na Lidador, preço mais do que justo, um bom e despretensioso vinho que proporcionou um leve prazer.

Site -> Jaume Serra, Pascual TosoSanta Ema e SBAV

Preços apresentados (especiais para o dia, com cerca de 10% menos do que nas lojas do ramo):


Cava Jaume Serra Cristalino Brut -> R$39,80
Santa Ema Merlot 2011 -> R$35,40
Santa Ema Syrah Barrel Reserve 2010 -> R$52,60
Pascual Toso Cabernet Sauvignon 2009 -> R$55,90
Santa Ema Gran Reserva Merlot 2008 -> R$75,00
Santa Ema Amplus Carignan 2007 -> R$130,60

Em minha próxima visita ao Chile, lá irei. Bons vinhos!

CARM Vinha do Bispado Douro Tinto 2010



Esse vinho vem do Douro Superior, região famosa pelos vinhos do porto e pelos grandes vinhos tintos de Portugal. É um DOC Douro, feito pela Cooperativa Agrícola Roboredo Madeira, uma tradicional família que produz, desde o século XVII, vinhos, azeites e amêndoas numa região onde os romanos faziam vinhos já no século II A.C. Elaborado com as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca.

Aromas adocicados e silvestres bem agradáveis, bela cor vermelha, lágrimas lentas, levemente transparente, boa persistência e final muito bom.

Na boca trouxe um suave gosto defumado após um tempo. Muito bem feito esse vinho, já havia tido ótima impressão do CARM Reserva Tinto na degustação da Cavist.

E como sempre, o portuga não decepcionou!

Preço -> R$ 89,00 na Fiammetta (muito caro...). Achei na Vinitude por R$52,00 (sem frete), e no Sociedade da mesa R$39,80 (mas tem que se associar).

Nota -> 3.5 de 5.

Site -> CARM

Belas frases sobre o vinho - I

"O vinho molha e tempera os espíritos e acalma as preocupações da mente... ele reaviva nossas alegrias e é o óleo para a chama da vida que se apaga. Se você bebe moderadamente em pequenos goles de cada vez, o vinho gotejará em seus pulmões como o mais doce orvalho da manhã... Assim, então, o vinho não viola a razão, mas sim nos convida gentilmente à uma agradável alegria." (Sócrates)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pavillon de Léoville Poyferré Saint Julien 2008 e Loma Larga Malbec 2008

Em mais uma confraria de sexta-feira (passada), abrimos esses dois vinhos de caráter bem distintos.



O Château Léoville Poyferré (Grand Cru Classé em 1855), se estende através de 80 hectares de parreiras, cuja idade média é de 30 anos, à margem do rio Gironde.

A influência marítima cria um micro clima favorável e o solo de “graves” e areia, que permite uma excelente drenagem, fazem do vinho desta propriedade um cru notável.

O Pavillon de Poyferré, segundo vinho que até 2003 se chamava Pavillon des Connétables, é produzido a partir das parreiras mais jovens (15 a 20 anos).

A colheita é manual, a seleção rigorosa e o desengaço total.

A maceração é longa (3 semanas) e a criação é de 9 meses em barris de carvalho de primeiro e segundo uso. Composto de 52% Merlot, 41% Cabernet Sauvignon e 7% Petit Verdot, o que é interessante pois geralmente as propriedades da margem esquerda fazem vinhos baseados em Cabernet Sauvignon.

Este foi o segundo vinho, se apresentou numa de "jovial do velho mundo". Não era muito estruturado mas possuía uma carga tânica respeitável. Um bom vinho, boa acidez, de início aromas discretos de frutas e depois algo mais puxado para couro novo e algo mais "suado". Seu final é longo e a persistência muito boa.





Antes do nosso amigo francês, abrimos esse Malbec Chileno (isso mesmo), que ainda traz 5% de Syrah, direto do vale de Casablanca. Esse vale tem uma amplitude térmica de mais de 20C, e como é uma área bem fria, permite que as uvas sejam colhidas mais tarde que em outras regiões do Chile, possibilitando assim uma maturação excelente.

Esse Malbec Chileno tem características bem distintas dos Malbecs Argentinos, tanto em sua bela cor carmim escura quanto em aromas e estrutura. No nariz trouxe azeitonas (!!!), que também se mostraram em boca, numa acidez muito boa e taninos elegantes. Depois surgiram especiarias. O final é meio resinoso. Às cegas jamais diria se tratar de um Malbec. Gostei do estilo diferenciado.

Ganhou 92 ptos do Wine & Spirits figurando como melhor do ano do hemisfério sul e 92 ptos do Guía Descorchados, figurando como melhor Malbec do Chile.

Aconselho decantar um pouco o Loma Larga, por ser não filtrado.

Preço -> R$90,00 o Loma Larga na Lidador e o Pavillon foi presente de um confrade, trazido direto da França, mas no Club du Taste Vin sai a R$180,00 o 2007.

Nota -> 4 de 5 para os dois.

Sites -> Loma Larga e Chateau Leoville de Poyferre

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Matéria sobre Mendoza em O Globo

Interessante matéria sobre Mendoza em O Globo de hoje.

Só acrescentaria visita indispensável a Zuccardi, Viña Cobos e Finca La Anita.

domingo, 19 de agosto de 2012

Bonarda: impressões - III (Serrera Reserva 2008)



Prosseguindo com a "pesquisa" dos vinhos feito com a Bonarda... Como relembrou o colega Peter: "A Bonarda é originária do Piemonte e mais, é a uva que tem a maior área plantada na Argentina, mais que a Malbec. É muito produtiva mas se não trabalhada a contento produz vinhos sofríveis, o caso da Argentina que muitas vezes é vinho de garrafão. Mas nos últimos tempos vem sendo trabalhada com esmero e produzindo vinhos como este."

Esse Serrera vem de vinhas com mais de 40 anos de idade, e segundo informações colhidas dos colegas do Winefreaks , que estiveram nessa bodega, esse ano de 2008 trouxe muita concentração de cor e aromas.

Bem, devo concordar. O vinho é de um vermelho muito escuro, com uma borda mais clara. As lágrimas são espaçadas e lentas.

Discreto de início (conservo a uma temperatura mais baixa que a de serviço), se abriu para aromas adocicados, algo como uma pimenta doce, e trouxe um mentolado bem presente. Nunca imaginei um Bonarda mentolado, gostei!

Depois de um tempinho apareceu um leve tostado, de madeira de boa qualidade, apesar do vinho ter apenas 8 meses de barrica.

Na boca, ah na boca! Que belezura, muita fruta, boa persistência, acidez correta, estrutura média, taninos aveludados, sem arestas, uma delícia. O final deixa um gostinho de quero mais, não me recordo de outro vinho com um tempo entre-goles tão pequeno rs.

Recomendo fortemente, empatou com o La Posta, apesar de serem diferentes. E viva a Bonarda!

De quebra, encontrei mais alguns colegas blogueiros que gostaram desse vinho: Alem do Vinho e Jeriel.

Fiquei muito tentado a comprar mais vinhos dessa linha e da linha superior da Serrera. Não deixem de visitar o site deles!

Preço -> R$ 50,00 (se tivesse outro por lá compraria) na Lidador.

Site -> Serrera.

Nota -> 4.5 de 5.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cuidado com as promoções de vinhos! (Estão inflacionando os portugueses...)

Uma promoção de vinhos é sempre uma tentação para nós, apreciadores desta bebida tão singular. O problema é que nem sempre a promoção é realmente uma promoção. Vou expor aqui algumas comparações pelo que tenho acompanhado ao longo dos meus dias de enófilo.

Tome por exemplo o caso abaixo, que recebi através de mailing list:



Este vinho no Supermercado Mundial, aqui no Rio de Janeiro, pode ser adquirido a R$44,70. E ainda não há necessidade de se pagar frete... (Atente ao preço informado como regular!)

Outra "promoção" que me veio via email:


Esse Alandra custa menos de R$20,00, o EA e o Flor de Crasto você encontra facilmente abaixo de R$40,00, tudo isso em lojas do ramo e supermercados também.

O Chaminé, que já foi comentado aqui, também está bem acima do preço.

Agora o que mais me chamou a atenção foi o preço cobrado pelo Paulo Laureano Classico. Adquiri esse mesmo vinho, também no supermercado Mundial aqui da Barra da Tijuca, por módicos R$19,50!

Olho vivo galera...