segunda-feira, 22 de abril de 2013

Altos Las Hormigas Malbec Clasico 2011


Altos Las Hormigas Malbec Clasico, um Malbec de cor jovem, muita fruta ao nariz, macio e levemente aveludado na boca, e de baixa acidez.

Os aromas são bem legais, na boca ele se comporta direitinho mas no fim a sensação é de falta de acidez e muito dulçor. Chega a enjoar um pouco no final, e tem uma persistência razoável.

Nessa faixa de preço, prefiro o Alamos Malbec 2011 por exemplo.

Nota -> 3 de 5.

Preço -> R$40,08 na Mistral (sem o frete. Na World Wine é R$49,00 (não vale isso na minha opinião).

Site -> Altos Las Hormigas.

sábado, 20 de abril de 2013

Parinacota 2009



A bodega Volcanes de Chile - isso mesmo, bodega - assim se chama, da mesma forma que na Argentina e na Espanha, pois compra suas uvas de produtores contratados e não dispõe de um vinhedo - ainda.

É uma das 3 grandes marcas do conglomerado Vinos de Pacifico, constituída também pela Talagante e pela Viña Undurraga, e está localizada dentro das terras da Undurraga, exatamente em Talagante.

O Chile é o território mais vulcânico do mundo, e o nome realmente é interessante e bem escolhido. Seus vinhos são produzidos com uvas de terrenos de origem vulcânica.

O único vinho assim, de origem vulcânica, que eu havia provado antes foi o ótimo Kankana del Elqui, da Viña San Pedro. Não acredito que haja muitos mais assim pelo mundo, visto que no próprio Chile ainda são poucos.

Parinacota é o nome de um vulcão no extremo norte do Chile. As uvas entretando vêm do vale do Maule, das colinas vulcânicas de Cauquenes, formadas por depósito de lava e cinzas.

Trata-se de um corte de Syrah em uma base de Carignan, uva muito plantada no Maule, em vinhedos bem antigos, e que estão sendo resgatados por um movimento chamado Viñateros de Carignan, mas isso é assunto para outro post.

Ao ser aberto revelou um púrpura bem escuro, com álcool ainda no nariz combinado a azeitonas pretas e algo mineral. Depois se abriu mais, revelando fruta negra e algo doce, ajudado bastante pelos 15 meses em barricas.

Na boca potente, denso, concentrado, mineral, aveludado, taninos firmes e algum álcool. Para quem gosta de potência e sabor. Eu gostei muito. Uma experiência, digamos, vulcânica. Rs.

Diga-se de passagem, pela primeira vez a descrição de um vinho no contrarrótulo (de acordo com as novas regras da ortografia) foi quase certeira.

Parabéns à enóloga María del Pila Díaz

Nota -> 4 de 5.

Preço -> R$ 112,50 na Cavist.

Site -> Bodega Volcanes de Chile.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

CARM Reserva Douro 2009





CARM significa Casa Agrícola Roboredo Madeira, e trata-se de uma união de seis propriedades no Douro Superior, pertencente à família Roboredo Madeira. Seus vinhedos estão no Douro Superior, quase na Galícia. Possui um clima diferente do restante do Douro, sendo mais quente e seco. É um lugar mais "selvagem".

O CARM Reserva se mostrou surpreendentemente herbáceo ao ser aberto, com uma concentração média a baixa. Lembro que o Bruno comentou que era o perfeito vinho de churrasco.

Um tempo depois apareceu um frutado concentrado, e assim ficou. Merece realmente um tempo razoável na taça.

Pouco a dizer porque não me lembro muito dele, a ocasião não me permitiu.

Mas não acho que vale o preço que paguei.

O 2007 foi top 10 da WS (ficou em nono).

Nota -> 3.5 de 5

Preço -> R$108,00 na Cavist do Shopping Leblon.

Site -> CARM

Belas frases sobre o vinho - VIII

Essa, conheci no blog Vinhos de minha vida:

"O mais humilde ser humano, ao experimentar ou oferecer um vinho, perpetua tradições milenares e realiza um ato ritual".

Um resumo da Malbec na Argentina, pela Winesur

Ontem, dia da Malbec, o site Winesur publicou um belo resumo do que a uva representa em números para a Argentina.

Vale a leitura (em inglês) -> LINK

Malbec day / El día del Malbec: Finca La Anita Malbec 2009


A Finca La Anita é uma pequena finca mendocina que preza pela qualidade de seus vinhos. Conheci-a numa degustação realizada pela SBAV-Rio, em 27 de agosto de 2009, onde o enólogo Antonio Mas, que estava de frente à época (hoje é a Soledad) apresentou suas linhas, todas muito bem feitas e muito, muito boas.

Na ocasião, os vinhos degustados foram: 
  • Cuarto de Milla Branco (50% Semillón e 50% Chardonnay), 
  • Luna Malbec 2005, 
  • Luna Syrah 2005, 
  • Finca La Anita Malbec 2006, 
  • Finca La Anita Cabernet Sauvignon 2005, 
  • Finca La Anita Tonel (Syrah 70%, Malbec 30%).


Estivemos lá em abril de 2012, já comentado por aqui, onde também há uma referência rápida ao Linea Tonel (muito bom). Essa garrafa eu certamente compraria de novo se lá voltasse, e ainda estivesse em estoque (o vinho é de 2000).

Seus Syrahs e Tocai Friulanos foram bem elogiados pela Jancis Robinson.

Esse Malbec, como não podia deixar de ser, foi trazido direto da Finca, e aberto ontem para comemoração do dia do Malbec. Ao ser aberto, qual não foi a surpresa: um Malbec com alguma fruta ao fundo mas lotado de especiarias, algo meio adocicado, e algo de álcool ainda, mas sem incomodar.

Cor vermelha forte, muito bonita. Bem escuro. Lágrimas homogêneas e abundantes, lentas... Um espetáculo na taça. Já aparentando certa evolução apesar da pouca idade.

Na boca o nariz se confirmou, de textura aveludada, boa concentração (nada exagerada) e acidez, ótima persistência, ainda "quentinho", e um final enorme.

Com o tempo em taça uma definição engraçada mas que descreve bem: algo como uma calda de frutas vermelhas levemente queimada... Rs. Os aromas tostados são incrivelmente suaves, deliciosos. 

Um vinho para ser bebido devagar e para ficar na memória...

Edición limitada a solamente 10.801 botellas:


E em homenagem aos hermanos, aí vai um video do genial Astor Piazzolla:




Nota -> 4.5 de 5.

Preço -> Nem me lembro mais, comprado na Finca La Anita.

Site -> Finca La Anita.

terça-feira, 16 de abril de 2013

França aprova a Pinotage e mais 4

O instituto francês da vinha e do vinho (IFV) liberou o cultivo nas terras francesas da Pinotage e de outras 4 variedades estrangeiras. São elas: Nebbiolo, Nero d'Avola, Saperavi (??) e Touriga Nacional.

Fonte


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Casa Real 2008, Neblus 2007 e Bouza B6 2007


Nosso grande amigo Bruno entrou em contato na sexta dizendo: "Tô a fim de abrir o Casa Real. Bora?".

Com os devidos ajustes realizados, fechamos o encontro e eis que lá pelas 23h estávamos vertendo o garoto na taça.

O vinho é simplesmente um espetáculo, sem arestas, já prontinho, proporcionou um prazer elevado. Sua coloração ainda é de vinho jovem, amplos aromas, na boca uma textura quase perfeita. Fora o final, enorme. Nem me arrisco a elencar aromas e sabores. Prove-o.



Garrafa finalizada, veio a pergunta: e agora? Quem tem peito de vir após?

Escolhemos o Neblus 2007 que veio direto do Chile em abril do ano passado, tá lá há quase um ano deitadão na geladega. Escuro, denso quase leitoso, explosão láctea constante e álcool ainda queimando um pouco as narinas. Na boca muito quente, de taninos de boa qualidade marcando presença todo o tempo. Dá quase para mastigá-lo. Merecia mais um tempo descansando, embora tenha proporcionado um belo momento também.

Um poderoso Syrah com um leve toque de Merlot...


Bom, e agora? Quem vem?

"Precisamos de potência" - pensei. "Vamos de Tannat!" - concluí.

A Tannat sinceramente é das minhas prediletas. O melhor vinho nacional que bebi por exemplo foi um 100% Tannat (Don Laurindo Reseva Tannat 10 anos 2005). E lá veio ele, o Bouza Tannat Parcela Limitada B6.



Bastante denso, escuro também, abriu-se lácteo - ué, isso não foi o Neblus? - o que surpreendeu a todos, embora os tostados tenham dominado logo após. Álcool no nariz também - afinal são 16% - mais encaixado na boca porém que o Neblus. Depois que sossegou na taça, ah! Só não venceu o Casa Real porque sinceramente a comparação não vale a pena, visto serem estilos completamente diferentes.

Apenas 3.053 botellas...


Uma pena que vinhos tão bons sejam quase inalcançáveis para o grande público. No Brasil, as pessoas ainda acham que vinho é coisa de gente rica (talvez com razão); o vinho é tributado como bebida alcoólica (aqui não se tem a tradição de consumi-lo nas refeições ordinárias) e as vinícolas não conseguem se encaixar em faixas mais simples de tributação. Fora outras exigências legais, frete, ICMS variando de estado pra estado,...

Notas -> Casa Real 5 de 5. Neblus 4.5 de 5. Bouza 5 de 5. Uma noite memorável.

Preços -> Casa Real: não declarado mas pode ser encontrado na Grand Cru a quase R$400,00; Neblus: R$88,29 (comprado no Chile, numa loja de vinhos muito boa, la vinoteca se não me engano...); Bouza: presente, mas custou US$35,00 na Bouza (incrível né? Era pra ter trazido uma caixa!).

Sites -> Santa Rita, Viña Casablanca, Bodega Bouza.

domingo, 14 de abril de 2013

Bonarda : impressões - X (Colonia Las Liebres Bonarda 2011)


Cor púrpura, halo de mesma cor porém mais claro. O vinho é escuro.

Aromas frutados, álcool ainda sobe mesmo com o vinho gelado. Boa acidez, mais fruta na boca, taninos se mostram numa textura levemente aveludada mas o vinho perde em boca embora aparente concentração. O álcool se confirma, talvez por ser jovem. Mas já dá pra beber relativamente bem.

É um vinho simples, não se equipara nem aos bonardas medianos, (de novo a expectativa fez mal?) e não passa em carvalho. Pelo contrário, não gostei e não acredito que faça jus ao nome que ganhou. E olha que ganhou como melhor bonarda (ano 2010) em um descorchados recente. O.o

Tomara que o 2010 seja realmente melhor que esse 2011, mesmo sendo a safra 2011 tida como melhor por muitos entendidos.

Nota -> 2 de 5.

Preço -> R$ 31,14 na Mistral (sem o frete) e R$39,00 (o 2012 e sem o frete) na World Wine.

Site -> Colonia Las Libres.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Quinta dos Bons Ventos Reserva 2008 e Hartenberg Pinotage 2010



Sexta-feira, mais um dia de reunião da confraria 256. Optamos por abrir mais um rótulo da Quinta dos Bons Ventos, o terceiro no caso, e um Pinotage que estava perdido por lá, na Vinexpress.

A pinotage pode ser melhor conhecida no post do colega Sergio, no Todovinho. Melhor post sobre a pinotage que vi até agora. Nem me atrevo a melhorá-lo.

Bem, o nosso colega portuga se apresentou com uma cor jovial, aromas de ameixas e frutas negras, levemente adocicado, aquele aroma característico dos portugas de coisa doce guardada (?!?). Rs.

Na boca ele é quente (15%), tem o DNA portuga, lembra um alentejano embora seja de Lisboa. No final a impressão é de um falso dulçor, o vinho é muito bom, nada excepcional mas bem agradável.

O africano se abriu com uns aromas "suados", cheiro de umidade se é que isso existe, talvez couro. Do meio pro fim já estava nas frutas vermelhas. (Tem certeza? Tá invertido!). Embora mais jovem que o portuga, tinha uma coloração de vinho mais maduro. Engraçado...

Boa acidez, mais um de final salgadinho (os portugas que costumam apresentar isso), limpa a boca e pede mais um gole. Muito bom. Mais um pinotage pra conta.

Notas -> 3 de 5 para o Quinta dos Bons Ventos e 3.5 de 5 para o Hartenberg.

Preços -> R$85,00 o Quinta dos Bons Ventos e R$90,00 o Hartenberg, ambos na Vinexpress.

Sites -> Hartenberg e Quinta dos Bons Ventos. Você infelizmente não encontrará mais o pinotage por lá. Após enviar um email para eles, me responderam que fizeram o 2010 especialmente para a Ruby Wines.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Lidio Carraro Grande Vindima Quorum 2005, Quinta da Neve Cabernet Sauvignon 2008



Achei esta foto, e vi que ainda não havia comentado sobre os vinhos acima. De quebra aviso que não comentarei sobre o Reserva dos Pampas. Não é que se trate de um vinho ruim, mas nesse caso estava morto, sem acidez nem aromas.

Foi comprado no Sonoma, onde rasgaram elogios a ele. Fato é que reclamei, e disseram que enviariam outra por conta de meu "azar" em ter aberto uma garrafa que estava defeituosa. Isso lá se vai mês e espero até hoje...

Para não manchar a Cordilheira de Santana, vale o registro do Cabernet Sauvignon deles, bem "coroa" mas ainda bastante bom.

Bom, à data comecei com o Lidio Carraro Grande Vindima Quorum, o blend de Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat do vale dos vinhedos, da linha Grande Vindima e o único dessa linha e desse belo ano de 2005 que ainda não havia provado. Infelizmente, embora pleno de aromas muito interessantes que remeteram a ervas e especiarias, já estava na descendente, ficando aquela sensação "ah se eu tivesse bebido ele no auge...".

Fato é que a linha Grande Vindima é realmente uma linha de vinhos de alta gama, com profusão de aromas e sabores. Embora caros, são vinhos que devem ser provados, nem que seja em uma visita à vinícola.

Já o Quinta da neve, da vinícola homônima, em São Joaquim na serra catarinense (frio!) mostrou-se bastante herbáceo no nariz e no palato, com pouca concentração e de cor bem jovem. Fácil de beber e de enjoar. Geralmente gosto dos herbáceos, mas esse estava demais. Talvez um pouco mais de tempo em garrafa lhe faça bem.

Notas -> 3,5 de 5 para o Quorum, 2,5 de 5 para o Quinta da Neve.

Preços -> R$ 118,90 (sem o frete) o Quorum no Armazém Canta Maria, R$ 38,00 o Quinta da Neve na Espírito do Vinho (loja física), e R$ 39,20 (com o frete) o Reserva dos Pampas.

Sites -> Lidio Carraro, Quinta da Neve, Cordilheira de Santana

terça-feira, 9 de abril de 2013

Uvas - alguns nomes e suas correspondências

O colega Beto Gerosa publicou um bom guia - já há um tempo então um pouco desatualizado, como no caso da Bonarda - em seu blog. Vale a conferida, principalmente se você, como eu, gosta de fazer a correlação dos nomes das uvas, em especial entre Portugal e Espanha (porque eles não fazem um plebiscito e escolhem um só nome? Rs).

Uvas.

Parabéns ao Beto pela iniciativa e pesquisa!


sábado, 6 de abril de 2013

Bonarda: impressões - IX (Alfredo Roca Dedicación Personal Bonarda 2011)



Sexta-feira, visita de meu grande irmão Bernardo, decidimos descorchar esse garoto acima.

Tenho passeado pela Bonarda e sempre que possível escrevo algo por aqui, acerca do que encontrei.

Esse dedicación personal traz um púrpura bem nítido na taça, e frutas com um leve adocicado ao nariz. Com um tempo o tostado apareceu, bem suave.

Na boca aquele paladar emborrachado da Bonarda, que me agrada bastante, boa acidez, média concentração, mais fruta. É um vinho rápido, de um final quase curto mas não defeituoso.

2011, como 2006, foi uma safra nota 10 em Mendoza.

Agrada facilmente. Lamadrid, Serrera e Serie A continuam empatados em primeiro.

Nota -> 3.5 de 5.

Preço -> R$ 64,76 (R$46,80 o vinho) com frete na Meu Vinho, que aliás entregou via Correios e demorou bem mais do que o informado. Sinceramente achei caro.

Site -> Alfredo Roca.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Altos Las Hormigas: World Wine x Mistral, pequeno comparativo de $


Recentemente foi veiculado que a World Wine tinha fechado acordo com a Altos Las Hormigas, para venda de seus produtos.

A Altos Las Hormigas informa em seu site que começou com o ex-enólogo chefe da Antinori e um investidor, que se apaixonoram por Mendoza e pela Malbec de lá, após uma visita que tinha como razão a ampliação de suas possibilidades de investimento. Em dezembro de 1995 compraram 216 Ha em Carrizal de Abajo, distrito de Luján de Cuyo. Lugar bonito...

Segundo eles mesmos, são especialistas em Malbec. Além do Malbec, só o Las Liebres Bonarda.

Eles também estão trabalhando com Pedro Parra, a nova lenda do terroir.

Decidi realizar esse comparativo, tendo em mente o comparativo que o colega Oscar realiza anualmente se não me engano, mas claro, num espaço amostral infinitamente menor.

Acima está uma simples tabela, onde fiz as seguintes compras teóricas:

- Os 3 Malbecs juntos (Classico, Terroir e Reserva);
- O Single Vineyard Vista Flores;
- O Colonia Las Liebres Bonarda.

Considerações:

- Embora de safras diferentes, se levarmos em consideração as notas atribuídas às safras em geral, a Mistral sai na frente pois tem exemplares das safras 2006 e 2011, ambas consideradas nota 10, embora as safras 2009 e 2010 também sejam consideradas tops.

- O Classico 2011 (Mistral) foi considerado best buy pela Vancouver Magazine, e o Terroir 2010 (WW) ganhou 90 ptos da Wine Spectator.

- O frete da Mistral começa em R$28,00 e o da WW em R$13,36.

- No caso da primeira compra, paga-se quase 15% a mais na WW, frete incluso.

- Já para o Las Liebres Bonarda (terceira compra teórica), com frete incluso paga-se quase 11,5% a menos na WW.

- A WW cobra enormes R$350,00 para o Single Vineyard Vista Flores e ainda tem a audácia de cobrar o frete, que oscila em torno de 4% do valor cobrado pela garrafa. Que feio! Assim que se cativa o cliente?

- O mesmo vinho na Mistral custa quase 24% menos, e mesmo tendo o frete mais caro a compra fica mais "em conta" na Mistral, e ainda por cima de uma safra mais celebrada (2006).

Espero poder ter ajudado, ampliado um pouco a análise pré-compra de nós enófilos, e gostaria de ressaltar que não ganhei nem um tostão muito menos uma garrafinha por ter feito isso.

Abraços, e bons vinhos a todos. Beba com moderação!


Degustação do Altaïr na Grand Cru


Num final de tarde completamente engarrafado na quinta-feira dia 21/03/2013, eis que rumei sem me importar para a Grand Cru no Jardim Botânico, para finalmente conhecer o Altaïr a fundo.

O Altaïr foi apresentado pela Claudia Gomez, diretora comercial da marca e uma simpatia de pessoa. Bastante comunicativa, contou-nos com detalhes toda a história, e de quebra nos brindou com uma pequena aula sobre uvas e solos. Carolina completava o time, também com simpatia e desenvoltura.

Embora na degustação não tenham sido apresentadas todas as safras, uma parte interessante da história do vinho foi coberta.

Interessante porque, como algumas outras vinícolas de renome do Chile, formou-se com uma união Chile+França. Porém, segundo ela os franceses "se fueron" em 2007, sendo o 2004 um vinho já com uma cara mais chilena.

Não que anteriormente fosse ruim, muito pelo contrário! Mas o que pude entender foi que os franceses são muito avessos à mudanças ou experimentações. Após 2003, a Syrah passou a fazer parte do blend, o que a meu ver é muito bom, haja vista os belos vinhos com a cepa oriundos dos diversos vales do Chile.

Assim como a Undurraga e outras mais, a Altaïr - que pertence à San Pedro e por sua vez faz parte do grupo VSPT - o segundo maior do Chile - também investiu no trabalho do Pedro Parra, que agora é quase uma lenda no Chile por conta de seu mapeamento de solos dos vales chilenos em conjunto com as vinícolas. Incrível como ela nos contou que em 2002 eram 18 lotes divididos, e hoje são 10 mas com 12 parcelas, e pelo menos 8 seções em cada uma delas! Imagina a trabalheira...

Os vinhedos estão localizados no Alto Cachapoal, com inclinações que chegam a 30 graus em alguns pontos. Sim, são vinhedos de encostas.

A vinícola faz apenas dois vinhos: o Altaïr e o Sideral. O Sideral não é a "sobra" do Altaïr, é outro vinho, conforme a própria Claudia nos informou. O Altaïr fica em grandes tonéis de madeira de 12mil litros para depois descansar em barricas novas de 225 litros e sua maior parte é de Cabernet Sauvignon, enquanto o Sideral descansa em tonéis de aço inoxidável, um pouco maiores que os do Altaïr mas o volume me foge no momento.

Vamos às añadas e ao meu veredicto...

2002: Ainda com vigor e com cor jovem apesar da idade. Sem balançá-lo apareceu algo como chocolate, com o balanço muita fruta. Boa acidez, por conta do frio ano. Álcool ainda, embora sem incomodar. Eu diria que é o mais francês dos apresentados. Belíssimo vinho. Traz também Merlot e Carmenère, em 7% cada.

2003: Jovem, extremamente macio, o mais pronto de todos, cativante, sedoso, profusão de aromas. Vinho de um ano quente, álcool integrado, para conquistar (um coração, um cliente, uma sogra, o que você quiser rs). Carmenère ganha espaço (17%), Merlot perde um pouco (6%) e aparecem a Syrah e a Cabernet Franc, em menores parcelas.

2004: O melhor da noite na minha opinião e de alguns outros presentes. Sem arestas, complexo, mudava muito e sempre para melhor. Possui força ainda. A Syrah figura como segunda uva (15%), um pouco menos de Carmenère (11%) e um tiquinho de Cabernet Franc. Adeus, Merlot.

2005: Ainda merece algum tempo em garrafa, mas tem potencial para ser o melhor já feito. Em alguns momentos pareceu estar melhor que o 2004, embora sempre lembrasse que ainda não está no ponto. Syrah novamente como segundona (12%) e um tico de Carmenère (3%). Esse foi considerado um dos melhores anos do Chile, bem frio.

2006: Nervoso ainda. Mas vai entrar na briga bonito daqui uns anos... Temos além da Cabernet Sauvignon, a Syrah (14%), o Cabernet Franc ressurgindo das cinzas (10%) e a Carmenère dando um toque final (2%).

O Altaïr custa cerca de R$320,00 na Grand Cru, mas nenhuma das safras acima está disponível na loja. Se for comprá-lo, tenha em mente: é vinho para guardar...