terça-feira, 31 de julho de 2012

Bonarda: impressões - II (Maipe Reserva 2010)




Geralmente quando vejo um Bonarda varietal, o ímpeto é comprá-lo. Gostei dos que provei, na verdade gosto muito do que a Argentina tem nos oferecido (Malbec, Tempranillo, Torrontés, Cabernet Sauvignon, Viognier, etc.), principalmente porque a tipicidade do país se mostra de forma bastante presente em cada garrafa, e mesmo alguns vinhos mais simples já proporcionam alguns bons momentos.

Vamos ao menino aí de cima. O Maipe é a linha da Bodega Chakana para os EUA, sendo que os Chakana Yaguarete Collection e Chakana Reserva se transformam em Maipe e Maipe Reserve. Tem origem em vinhas de 30 anos de idade.

O rótulo é bem bonito, eu curto muito esses rótulos brancos com alguns detalhes. Nesse caso, Maipe é o nome indígena do Senhor dos Ventos. O desenho dourado acima do nome é um xamã com uma máscara de jaguar, exatamente como era visto pelos aborígenes durante uma evocação ritual.

O vinho é bem escuro, bonito, denso, lágrimas lentas. De início ataca meio alcoólico, os taninos porém aveludados. Ficou um bom tempo aberto. Aí sim se mostrou bem melhor.

Trouxe ao nariz frutas vermelhas e negras, algo de especiarias. Na boca uma delícia, apimentado, um frutado suculento, um pouquinho quente mas sem incomodar. Os taninos realmente passam uma impressão aveludada, sua textura é meio "emborrachada", essas características acredito serem da Bonarda. Boa persistência, média intensidade, se tornou fácil de beber após o tempo que ficou aberto (deixei bastante tempo).

Valeu muito a pena, penso em recomprá-lo no Mundial. O valor pago é justo. Ganhou 88 da WS e do RP, e 89 da WE.

Site -> Chakana Wines

Preço -> R$34,20 no Mundial.

Nota -> 3.5 de 5

sábado, 28 de julho de 2012

Viva a Tempranillo Porteña!



Conheci a Tempranillo em um vinho da península ibérica. Não lembro se Aragonez, Tinta Roriz, ou Tempranillo mesmo. Ou Ull de Lebre. Enfim, interessante como ela mal ou bem se mostra nos aromas futados avermelhados. A mim se mostrava sempre de fácil reconhecimento, ou pelo menos era assim, até conhecer a Tempranillo porteña.

Quando estive em Mendoza, e na Zuccardi (será contado em outro post no futuro), experimentei e comprei o excelente Zuccardi Q Tempranillo 2007.



Não me lembro bem de todos os detalhes, mas não olvido que me impressionei com a textura e aromas achocolatados, e a forma suave e deliciosa que ele descia pela garganta, após preencher a boca de uma forma muito agradável. Algo de especiarias em nariz e na boca. Um vinhaço. Aqui no Brasil passa dos R$100,00. Uma pena. Não digo em relação a valer ou não o preço, mas sim que é um valor alto, que diminui a quantidade de gente que poderá se dar ao luxo de ter esse prazer.

Voltando ao Leonardo, que não encontrei referência no site da O Fournier (parece que ele foi feito especialmente para a Vinci), podemos dizer que trata-se de um vinho jovem e despretensioso, mas ainda assim ótimo para acompanhar massas. De cor púrpura, boa acidez, lágrimas rápidas, trouxe ao nariz uma referência à groselha.

Na boca me lembrou o início do Q (por isso a mênção a ele), mas não surpreendeu. Ok, não é a proposta dele, mas encarou bem o gnocchi com molho de alho poró e camarão. Uma leve ardência em boca.

Seus taninos estavam presentes porém aveludados. É um vinho bem leve, uma boa aposta para um almoço com gente que não tem costume de beber vinho.

O primeiro Tempranillo porteño que provei foi o Tittarelli Reserva de Familia 2004, que abri há quase um ano atrás (foto ruim mas vale o registro):


Bastante encorpado, necessitou decantação. Além da groselha, framboesa e tostados. Não sei se funcionaria com comida, o estilo dele era meio pesadão, porém também muito gostoso, agradável, se fez perceber na boca, parecia uma carícia no palato.

E viva a tempranillo porteña!

Preço do Leonardo -> R$54,00 (foi em restaurante, na Vinci custa cerca de R$35,00).

Nota -> 3.5 de 5 para o Leonardo
             4 de 5 para o Tittarelli.
             4.5 de 5 para o Q

Avondale Chenin Blanc 2010



Que vinho gostoso! Não havia bebido ainda um varietal da Chenin Blanc, e confesso que não me arrependi.

Esse Chenin Blanc veio da Africa do Sul, onde cerca de 1/5 dos vinhedos de uvas brancas são dedicados a ela.

Amarelo palha, no nariz apareceram frutas brancas maduras, pêra notadamente, e um mel também. Na boca, um frescor excelente, um corpo diferente do comumente encontrado nos brancos do novo mundo, o vinho convida a mais uma taça!

Encarou bem um peixinho, e depois um brie com geléia. Sério, o vinho é muito bom, vale muito a pena.

Outro colega blogueiro também gostou.

Este vinho é da Avondale. O site está abaixo. Engraçado é que a apresentação dos vinhos mudou, bem como sua linha, o que tenho encontrado nas lojas não é o que está apresentado no site. Mas independente, os vinhos deles que bebi até hoje (um Pinotage, um corte de Syrah e Cabernet Sauvignon delicioso chamado Jonty's Ducks e esse Chenin Blanc) são muito bons. Fora que foi a minha primeira degustação, onde experimentei o Syrah deles, o Sauvignon Blanc, o Owl House - um Cabernet Sauvignon bem potente por sinal - e um rosé de sobremesa se bem me lembro. Me recordo porém de ter sido surpreendido pelo Sauvignon Blanc, e tendo gostado do Syrah também.

Este vinho em questão passou a chamar-se Anima. A importadora para o Brasil é a Vinhos do Mundo.

Site -> Avondale.

Preço -> R$ 46,00 sem frete no Sonoma.

Nota -> 4 de 5.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Wolf Blass Cabernet Sauvignon 1999



Esse vinho foi uma surpresa. "Tem um vinho no armário aí, que eu ganhei de presente há muito tempo" dizia o Heraldo, pai do Camilo.

E lá fomos nós despretensiosamente, achando que encontraríamos algo ordinário, que de longe mataria a vontade de beber um vinho interessante. E lá estava ele: um australiano já senhor.

"Será que está bom?" Era a única questão que aparecia em nossa mente.

O fato é que ele estava fechadão. Se abriu aos poucos. Algo balsâmico e certas especiarias apareceram. Mas nada muito exuberante no nariz. Muita madeira, taninos ainda existiam mas não incomodaram, eucalipto talvez.

Enfim, foi uma experiência bem interessante, o vinho não decepcionou mas certamente não agradará a muitos, seu estilo é bem distinto dos atuais vinhos do novo mundo.

Preço -> não faço idéia.

Site -> Wolf Blass

Nota -> 3.5 de 5

terça-feira, 24 de julho de 2012

Viña Von Siebenthal Carmenère 2009




A Viña von Siebenthal atualmente é considerada a melhor do Chile por diversos "especialistas". É projeto de um advogado Suíço, que tornou-se realidade com a ajuda financeira de 4 amigos. Localiza-se no vale do Aconcágua, ao norte de Santiago. A amplitude térmica é grande, o vale é clasificado como quente, do mesmo nível do Colchagua e Maipo, e eles plantam além da Carmenère, Petit Verdot, Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc.

Seus vinhos são muito bem pontuados, mas eu particularmente já não me guio mais pelas notas de RP, WS, WE e cia., mas sim pela forma como a vinícola se apresenta e diz tratar os seus vinhos. O que tenho buscado é justamente a especificidade dos vinhos de cada uma, nunca com preconceitos e notas em mente. Pra mim, o que vale é admirar as diferenças de uma mesma uva em lugares diferentes ou ainda o que o terroir tem a nos oferecer.

O pessoal do RP por exemplo tem dado notas significativas para os vinhos do Rhône em geral e para os da região de Penèdes na Espanha. Eu já não sou fã dessas regiões. Fora a fofoca de que hoje em dia eles levantam e derrubam quem quiserem. E desconfio que Penèdes quer seu lugar ao sol.

Deixando de lado as presunções e notas, em 10 de julho a confraria se reuniu para abrir este carmenère acima. Demorei a postar sobre ele porque, sinceramente, não achei minhas anotações. Mas achei a foto, então, realmente deu vontade de falar sobre ele, pelo menos sobre o que eu me lembro.

O vinho é bem concentrado, bem escuro, seus aromas apresentaram especiarias diversas, e muita fruta vermelha. A família dos tostados não apareceu muito, realmente as especiarias dominaram.

Em boca elas também tomaram conta, e até um chocolatinho apareceu, muito suave. A acidez é muito boa e o final longo. Os taninos são um capítulo à parte, o vinho é bem elegante. Exatamente a qualidade que tem sido realçada pelos pontuadores.

Um grande Carmenère, muito gostoso, pra mim situa-se ao lado do Purple Angel (mais caro), e do Gran Reserva Los Lingues (mesma faixa de preço). Dá pra beber agora mas se deixar guardado mais um pouco, acredito que ele desenvolverá melhor os aromas.

O pessoal da confra tá com uma quedinha pelo Carmenère. Tentei puxá-los para o Syrah, mas tô vendo que a briga vai ser feia.

Site -> Viña von Siebenthal

Preço -> não lembro mas na faixa dos R$80,00 na Lidador

Nota -> 4.5 de 5

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Nicolas Catena Zapata e sua historia

O pessoal do Wine Report postou algo interessantíssimo:

http://www.winereport.com.br/winereports/garoto-propaganda/2059

Almoço do dia dos amigos

Mais uma reunião da confraria, e por coincidência no dia do amigo. Abrimos os seguintes exemplares:


Já havia bebido o Lidio Carraro Grande Vindima Merlot 2005 o qual gostei bastante. Uma promoção recebida através do email, promovida pelo Sonoma, nos levou a adquirir este exemplar.

Bem, o 2004 estava na sua descendente, mas bem lá embaixo, morrendo. Uma pena. Nem de longe lembrou o irmão mais novo.

Já o Casa Silva Reserva Carmenère 2009 estava vivo, bem vivo, púrpura, frutadão e ainda queimando de leve a boca. Mas melhorou bastante com o tempo em taça, voltando a incomodar um pouco quando esquentou. Uma boa opção para o cotidiano, principalmente pra quem está iniciando, começando a conhecer os vinhos.

Realmente a Casa Silva apresenta rótulos muito bons no topo e muito honestos nas linhas de entrada, não deixando insatisfação nos clientes. Mas eu deixaria esse dormir mais um aninho.

Notas -> Lidio Carraro Grande Vindima Merlot 2004: 2 de 5.
               Casa Silva Reserva Carmenère 2009: 3.5 de 5.

Preços -> Lidio Carraro Grande Vindima Merlot 2004: R$ 66,00 sem o frete no Sonoma.
                Casa Silva Reserva Carmenère 2009: presente do colega confrade Marcello.

Dia do amigo e a safra 2005 no Brasil (Lote 43 vs. RAR e +)



Ok, ok. Essa salvaguarda é uma situação bem chata e algo que muito provavelmente vai nos prejudicar. Antes de tudo porém, devo dizer que os vinhos foram comprados antes do surgimento desse movimento retrógrado.

Enfim, para comemorar o dia do amigo, nada melhor que um fondue acompanhado de vinho e entradinhas.

Há tempos que estava querendo realizar uma comparação com dois vinhos: Lote 43 e RAR, ambos da safra 2005. De quebra, tinha um Valmarino Cabernet Franc aqui também, que eu li muito bem a respeito, tendo inclusive sido premiado lá em Bento Gonçalves como o vinho mais representativo da safra 2005 (segundo eles proprios).

Tudo que bebi da safra 2005 do Brasil ou do Chile até hoje valeu muito a pena.

Havia participado de uma degustação vertical do Lote 43 com meu grande amigo Camilo Figueira, promovida pela SBAV no ano passado e apresentada pelo próprio Adriano Miolo, onde experimentei o 1999, 2002, 2004, 2005 e 2008. Na ocasião, gostamos mais do 2004, mas vimos que o 2005 com mais um pouquinho de tempo na garrafa ia ficar melhor. Adquirido!

Pois é. O 43 estava muito bom nesse dia dos amigos. Ele e o RAR foram abertos uma hora antes. Ele veio primeiro. A ala feminina adorou, inclusive para elas foi o melhor da noite. Apresentou-se num rubi muito escuro, com um halo lindo, mentolado e com algumas especiarias ao nariz, e em boca confirmando os dois com algo mais herbáceo e um excelente frescor, com boa concentração. Muito gostoso e superior à ocasião da degustação vertical. Morreu rapidinho.

Fomos para o RAR. Diferentemente do 43, esse é um corte de 60% de Cabernet Sauvignon e 40% de Merlot, plantados em Campos de Cima da Serra, Muitos Capões, RS, a 1000m de altitude. Nosso vinho de altura?

O RAR começou mais austero, mais taninoso, mais parrudo, mais especiarias e mais madeira. A mulherada chiou. "Vamos dar um tempo pra ele", arrisquei. Àquela altura já estava gostando dele e ele realmente não nos decepcionou; no fim da garrafa estava gostando mais ainda, apesar dos protestos femininos, clamando pelo 43. Qual o melhor vinho? Lo que te gusta más. No meu caso o RAR bateu o 43. Chegou a me lembrar os grandes Alentejanos (!?)

Nenhum dos dois foi filtrado, mas as partículas em suspensão só incomodaram no finzinho do RAR.

Rumamos para o Valmarino. Fiquei tenso após a retirada do lacre e da rolha:



Bem, visivelmente havia afetado um pouquinho o vinho, mas não tirou o seu brilho, as frutas estavam lá, a elegância também, viva o Cabernet Franc! Menos balsâmico e mais carnudo, gostei muito (e as meninas continuaram clamando pelo 43 rs; acho que já estavam altas, mas elegeram-no como o número 2 da noite).

O Valmarino também não foi filtrado, e aconselho decantá-lo. Se quiser comprá-lo, aconselho também que o faça o mais rápido possível, para encontrá-lo foi bem difícil. O 2008 encontra-se facilmente, esse é mais difícil.

Pra finalizar, o vinho de sobremesa mais gostoso que já provei (não, ainda não provei nenhum Sauternes): Boutari/Cambas Samos, da Grécia.



Que coisa maravilhosa, parece um mel mais fino, mais delicado, com um pouquinho de alcool e ervas, uma coisa muito saborosa. Belíssima cor dourada, lágrimas lentas, lindamente espaçadas na taça. Aclamado por todos os presentes. Recomendo.

Feito da Muscat:



Sites -> Miolo, Valmarino, Boutari

Notas -> Lote 43: 4 de 5
               RAR: 4.5 de 5
               Valmarino: 4 de 5
               Boutari: 5 de 5

Preços -> Lote 43: R$85,00 sem o frete na Wine
                RAR: R$34,00 numa promoção na Cobal.
                Valmarino: R$51,00 sem o frete no Armazém Canta Maria .
                Samos Boutari/Cambas: R$ 67,68 com frete na Cia do Whisky .

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Encontro Mistral 2012

Complementando o post anterior, hoje também foi realizado o "Encontro Mistral 2012". Me recusei a ir, R$290,00 achei caro. Em maio fui a um da INTERFOOD, paguei R$150,00 e esse valor se converteu em compras. E se não me engano o número de expositores era maior.

Enfim, fica aqui o meu protesto. 

Degustação Casa Valduga

Acabo de retornar de uma degustação da Casa Valduga, onde nos foram apresentados não só os vinhos e espumantes dessa renomada vinícola nacional, mas também diversos produtos gourmet que eles representam e fabricam.

Me chamem de louco mas não quis experimentar os espumantes. Eu estava com um pouco de fome e achei que não chegaria aos tintos dono de minhas capacidades degustativas e comparativas ainda funcionais, então pedindo perdão ao meu querido país e à sua verdadeira vocação até o momento, pulei-os.

A Casa Valduga separou seus vinhos em 3 linhas: Identidade, Leopoldina e Raízes, cada um representando um terroir, fora a série Mundvs, que são vinhos feitos em outros terroirs da América do Sul.

Identidade -> Encruzilhada do Sul (maior área plantada da Valduga).
Raízes -> Campanha Gaúcha.
Leopoldina -> Vale dos Vinhedos.
Mundus -> Mendoza, Vale do Maipo e Alentejo.

Comecei pelos brancos: Sauvignon Blanc (Raízes), Gewurztraminer (Identidade), Chardonnay e Gran Chardonnay (Leopoldina). Estavam muito gelados, enfim, numa degustação é complicado pela quantidade de gente que aparece, mas desses 4 o Chardonnay foi o que mostrou mais personalidade, embora em boca não tenha entregado tudo o que prometeu no nariz (mel e frutas brancas).

Nos tintos, provei um apimentado, quente e interessante Duetto Pinot Noir+Shiraz, um jovem e fácil Merlot (Leopoldina), acho que esperei demais do Cabernet Franc (Raízes) por gostar dessa cepa e até hoje ter provado vinhos interessantíssimos dela, gostei do vivo e "cheiroso" Cabernet Sauvignon (Raízes), uma boa compra para o dia-a-dia na minha opinião.

Aí, minha curiosidade maior e motivador para a ida à degustação foi saciada: provei o Identidade Marselan e Arinarnoa. A variedade Marselan foi criada em 1961 por Marcel Duquety, diretor do INRA (Institut National de la Recherche Agronomique) de Bordeaux, na França, através do cruzamento das uvas Cabernet Sauvignon e Grenache. Já a Arinarnoa foi o cruzamento de Merlot e Petit Verdot.

O Marselan era legal, mas o Arinarnoa é bem interessante. Trouxe a textura do Merlot somado às nuances chiques da Petit Verdot, gostei bastante. Em minha visita à Zuccardi em Mendoza (ainda não contada aqui) vi que eles também fazem um varietal desse de uma linha chamada Textual, que só é vendida in loco. Me arrependi de não ter comprado.

Daí pulei pra linha Mundvs. Comecei pelo Alentejano que, reforçando o já dito algumas vezes aqui, não decepcionou, muito pelo contrário. Bem aromático, gostoso e fresco na boca, um bom vinho, tanto que foi o escolhido para fechar a degustação com um replay. E pra mim foi o melhor da noite.

No Malbec encontrei um inesperado couro, num vinho bem distinto do que tenho provado desta cepa. Em boca também bem diferente, ainda não consegui definir bem, esse realmente me confundiu.

O Cabernet Sauvignon foi engraçado, trouxe um aroma de creme dental no início (rsrsrs) que rapidamente se transformou num pimentão verde dominante, que assim foi até o final. Em boca também bastante herbáceo, com uma mentinha lá no fundo, bem tímida.

O Storia 2008 não foi degustado, mas estavam aceitando reservas para compra. Não vendiam unidades de nenhum vinho, apenas caixas fechadas. Já é bem difícil achar o 2005 por aí.

Outros que também não marcaram presença foram os Bodega Sottano, havia gostado muito do Cabernet Sauvignon 2005 na outra degustação deles que compareci. Nem sei se ainda fazem parte do grupo.

Depois disso tudo, me veio à cabeça o Gran Reserva Cabernet Sauvignon Heitor Villa-Lobos 2006 que comprei e está aqui em casa, só esperando a ocasião...

Quem quiser aproveitar, são R$30,00 pela taça de espumante que você leva pra casa, para os tintos a taça é fornecida na hora, e vai até amanhã. O endereço é

Hotel Mar Palace – Av. Nossa Senhora de Copacabana, 552. Salão Jorge Amado.

Entre as ruas Siqueira Campos e Hilário de Gouveia.

E vai de 16h às 22h.

Site -> Casa Valduga.

sábado, 14 de julho de 2012

Luccarelli Pazzia Primitivo di Manduria 2008

Engraçado como as coisas acontecem. Estava eu procurando um vinho para a Dani, e acabei conhecendo este.



O vinho que eu estava buscando era o Luccarelli Primitivo Puglia 2010. Jogando no google, eis que me deparei com ele mas também com esse outro, "irmão mais velho" dele.

As críticas foram sempre unânimes, um vinhaço, exuberante, encantador. Comuniquei a ela a existência desse, e a resposta foi "ué compra também rs".

Pois é, a diferença entre os dois enologicamente falando ainda não sei pois o Puglia não foi aberto. Mas a diferença de preço é selvagem, quase 5x ! Enfim, apesar de estarmos no Brasil, onde os preços são ignorantemente inflacionados no quesito vinho, valeu muito a pena.

A começar pela garrafa. Pesada, nunca tinha visto uma tão pesada assim. E praticamente impenetrável, só deu pra ver realmente a cor dela colocando-a contra a luz onde não tinha mais vinho. Um âmbar quase totalmente marron.

Este vinho é um meio-seco, e de teor alcoólico bem altinho (14.5%) feito 100% da uva Primitivo. O nome se deve ao fato da uva amadurecer cedo e totalmente, dando um bom nível de açúcar e consequentemente de álcool. Outra uva que amadurece mais cedo que as demais é a nossa querida Tempranillo.

Manduria fica no "salto da bota" da Italia:



Tem uma galera que afirma ser a Primitivo a mesma uva que a Zinfandel. Confesso que os Zinfandel que bebi não chegam aos pés desse Primitivo... Olha ela:


Bonitona né?

Voltando ao vinho... Feito de parreiras velhas (old vines vem escrito por trás do Luccarelli no rótulo) com uvas supermaduras, o nariz é invadido com um pouco de álcool que logo some, e uma ameixa mais do que presente. Algo de especiarias também. De cor púrpura bem escura, o vinho é denso.

Na boca um pouco quente, taninos macios, mais fruta negra, leve tostado presente, encorpado, boa acidez, um lindo final. Daqueles pra deixar escorregar lentamente pela garganta.


Sinceramente? Funcionou melhor na maior parte do tempo estando sozinho. Passado bastante tempo, surgiu um aroma de chocolate no nariz, levemente confirmado em boca. Bravo! Daí veio a idéia da Dani: "Vamos provar com chocolate, igual àquele blog?"

E lá veio ela radiante com um Venchi 75% cacau, coisa de louco. E não é que ficou sensacional? Aconselho imensamente!

Preço -> R$119,00 na Lidador

Nota -> 4.5 de 5.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Mais sobre a novela da salvaguarda do vinho nacional

O colega blogueiro Jeriel publicou carta do Ciro Lilla, dono das importadoras Mistral e Vinci . Vale a leitura.

Polkura Syrah 2006


Muito interessante esse vinho. Composto de 92% Syrah, 4% Malbec, 2%Viognier (que tem aparecido também em alguns blends argentinos) e 2% de Tempranillo+Mourvèdre+Grenache Noir. E não é pra menos, bem complexo o garoto se apresentou.

Polkura significa "pedra amarela". Tal nome se dá por conta de um pequeno morro localizado no interior do vinhedo, no vale do Colchagua, em Marchigüe, que é a zona mais fria do quente Colchagua.

O vinho é bem escuro, profundo, boa intensidade no nariz com frutas negras e vermelhas, algo de pimenta, e um anis discreto mas presente. Muito presentes também os taninos, embora não cheguem a desagradar. Com muito boa estrutura, certamente aguentará mais alguns anos em garrafa.

Em boca é bem agradável, de final longo, mas aconselho decantá-lo, para tirar a galerinha que ficou em suspensão e acaba atrapalhando um pouco os goles finais.

Foi aberto 1:15h antes, tem um nível alto de álcool (14,8%) que se percebe facilmente, o vinho sobe pelas narinas por dentro da boca. Tem que ser bebido bem devagar. A acidez é no ponto.

É um Syrah diferente, de certo músculo, uma coisa bonita. Ainda penso porém se vou adquiri-lo para guardar mais uns anos. No futuro ele deve estar melhor, tem potencial.

Ganhou alguns prêmios:

90 pontos Wine Spectator
90 pontos Wine Advocate
91 pontos Wine&Spirits
92 pontos Descorchados
Medalha de ouro “Syrah du Monde”

 Site -> Polkura

Preço -> R$94,20 com frete incluído no Sonoma

Nota -> 4 de 5.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Columbia Crest Cabernet Sauvignon

Post rápido: não sabia que Washington produzia vinhos, e não sabia que eram tão bons. Pra quem gosta de vinhos com muita fruta madura, um aroma quase doce, essa é a dica: Columbia Crest Cabernet Sauvignon. Provei-o no ORO, que aliás tem um pessoal bem competente, e sinceramente gostei muito.

Nosso colega blogueiro Bruno Agostini postou ontem algo sobre ele, achei na hora de procurar mais gente que tinha experimentado, via google.

Vale a pena.

Site -> Columbia Crest

terça-feira, 10 de julho de 2012

Simcic Marjan

Eslovênia. A maioria nem sabe onde fica esse belo país. Muito menos que lá são produzidos vinhos. E bons.

Por conta de uma grande amizade, tomei contato com a produção vinícola desse país. Experimentei Cabernet Sauvignons, alguns assemblages de uvas bordalesas, Modra Frankinja (Blaufränkisch), espumantes... Tudo realmente muito bom, acima da média do que se vê por aí. Mas tirando esse meu amigo que trazia as garrafas sempre que possível, quando vinha visitar nosso belo país, confesso que não via em lugar algum vinhos eslovenos.

Mas eis que o pessoal da SBAV resolveu realizar uma degustação com a Simcic (simchich que se pronuncia, na escrita correta os dois c(s) da palavra têm um acento parecido com um til).

Esse pessoal esteve no Brasil por conta do evento da Decanter, o qual eu infelizmente perdi, para mostrar os seus vinhos. E pelo que me disseram, foram muito bem falados.


Eles estão localizados em um vilarejo chamado Ceglo, na região de Gorska Brda, na fronteira com a Italia. Na verdade, pelo que a Valerija (esposa do Marjan, dono da vinícola e principal responsável pelos vinhos) disse, a maior parte do terreno deles está na Italia. Apenas 20 km separam eles do mar, e para o outro lado estão eles: os Alpes. Ao total são 18 Ha.

   
O solo do local é especial também, chamado Opoka no idioma local, bem rico em minerais.


A produção totaliza cerca de 90.000 garrafas/ano, de 4 linhas:

- Classic, com varietais de Sauvignonasse, Pinot Grigio, Ribolla (Rebula) e Chardonnay
- Selection: Sauvignon Blanc, Ribolla, Chardonnay, Teodor (assemblage) Branco e Tinto, Pinot Noir
- Opoka: Ribolla, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Merlot
- Leonardo (sobremesa).

Os vinhos degustados foram os que estão em negrito acima.

Começamos pelo Classic Rebula:



Uma cor palha, bem transparente, delicados aromas de frutas brancas, notadamente pêra. Deu uma impressão doce por conta da sua acidez marcante. Bem fresco mesmo, acredito que harmonizaria bem com diversos pratos mais leves.

O segundo vinho foi o Classic Sivi Pinot (Pinot Grigio):


Esse já tinha um amarelo mais forte, bem bonito também, com aromas florais bem presentes. Enche a boca, bem gostoso, boa concentração, gostei bastante dele.

Bem, aí a brincadeira começou a ficar séria. Nos apresentaram o Opoka Rebula:


Cor ouro, bonito, no nariz algo como um mel tostado (?!?!), um branco de personalidade, quente e fresco, não é pra qualquer um, faz frente a muito tinto por aí... Olha que coisa bonita ele na taça:


22 meses em barricas mais 6 meses em garrafa no mín. Uma potência branca eu diria.

Aí logo depois nos trouxeram ele: o Pinot Noir, premiado como o melhor Pinot Noir do velho mundo em 2010 pela Decanter Wine Awards e medalha de prata em 2011 pelo mesmo concurso:


Abriu-se primeiro em algo como um aroma de licor de cereja, e depois foi se transformando e apresentou uma casca de laranja belíssima, como se fosse aquela geléia suave com cascas de laranja (compota). Em boca mostrou personalidade, estava quente ainda. Certamente um vinho para se guardar.

Pra finalizar, nos apresentaram o Teodor Rdece, um blend de 85% Merlot, um pouco de Cabernet Sauvignon e um tiquinho de Cabernet Franc (uva que faz varietais muito bons na minha opinião).


14% de álcool, turvo e de bom corpo. Ainda muito quente, taninos bem presentes, mais um que ainda evoluirá em garrafa, o tempo é difícil dizer. O tabaco se fez notar rapidamente. Certa complexidade, algo me diz que ele promete.

Pra finalizar houve uma tábua de frios e nos ofereceram mais um vinho, um alentejano, Casa de Santa Vitoria. Àquela altura, só lembro que era um bom vinho, reforçando ainda mais a máxima: os alentejanos dificilmente decepcionam!






Esporão Reserva 2007 e Tarapacá Gran Reserva Merlot 2006



Ontem à noite, véspera da madrugada mais fria do ano até o momento aqui no Rio de Janeiro, abrimos dois vinhos para comemorar o aniversário de uma pessoa muito especial para mim: minha mãe.

Despretensiosamente, e sabendo que eu provavelmente reforçaria a máxima que dificilmente um alentejano decepciona, abri o Esporão Reserva 2007, que tem seu rótulo modificado ano a ano por algum artista da região.

E eis que ele se mostrou ainda fechado, de cor impenetrável, granada, lágrimas bonitas, mas abriu rapidamente para especiarias e frutas vermelhas maduras. A evolução no nariz não parou, e até o término da garrafa seus aromas ainda estavam se mostrando. Deveria ter aberto com mais antecedência para experimentá-los completamente, o que em nada atrapalhou diga-se de passagem. Ao final estava com um tostado delicioso, chegando a mostrar inclusive um leve caramelo.

Em boca ele traz toda a fruta e especiarias do nariz, taninos presentes mas nada agressivos, com um final bem gostoso e de boa persistência. Um vinho muito bom, sinceramente um clássico do Alentejo, um vinho que deve ser bebido por todos aqueles que apreciam vinhos portugueses, e porque não que apreciam vinhos de uma forma geral.

Bem, como a garrafa foi-se rapidamente, fez-se necessária a abertura de mais uma, éramos 4. O escolhido foi o Tarapacá Gran Reserva Merlot 2006.

Eu havia bebido o Reserva 2005 Merlot há alguns anos, e havia gostado muito.

Esse nos apareceu bem frutado, uma cor bem evoluída, algo como um grená, lágrimas rápidas. Em boca um geleião, mas de álcool presente e que atrapalhou um pouco no final. Os taninos estavam lá, e confesso que o álcool no final tirou um pouco o brilho do vinho. Enfim, bem gostoso, mas poderíamos talvez ter aberto com mais antecedência ou em outra ocasião. E certamente deveria ser decantado, pois apresentou uma leve sedimentação, que já atrapalhava o final. Enfim, pecados cometidos mas ainda perdoáveis por conta da ocasião que requisitou uma boa informalidade.

Notas: Esporão Reserva 2007 - 4 de 5.
           Tarapacá Gran Reserva Merlot 2006 - 3.5 de 5.

Preços: Esporão Reserva 2007 - Presente.
            Tarapacá Gran Reserva Merlot 2006 - R$ 65,00 na Wine.

Sites: Herdade do Esporão / Tarapacá