quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Chateau de Tracy (e a escalada dos preços ao chegar por aqui)

Bom, conforme escrito nos posts anteriores, recentemente estive no presumido lar da Sauvignon Blanc: a região conhecida como Loire central, onde o rio Loire divide Sancerre e Pouilly-sur-loire.

Nesse local os vinhos feitos com a Sauvignon Blanc são únicos em seus aromas e mineralidade, com sabor e aromas inconfundíveis.

Escrevi rapidamente sobre alguns produtores que visitei (aqui), mas deixei para escrever de um em especial por ter sido o que mais gostei, o Chateau de Tracy.

Chateau de Tracy e um close de parte dos seus vinhedos

A propriedade pertence à família do Conde d'Estutt d'Assay desde 1500 e pouco, produz essencialmente Pouilly-Fumé e localiza-se em Tracy-sur-loire, num vilarejo praticamente deserto e onde a principal estradinha é a que leva ao castelo.

Lá chegando, a primeira atração foi este imenso Cedro, que se levarmos em consideração a época de aquisição do castelo pela família do Conde acima, já tem mais de 500 anos! Não havia informação precisa mas uma placa levava a crer que ele já estava lá antes, inclusive na época que o Chateau chegou a ter batalhas em suas cercanias.


O castelo não está aberto a visitação, tampouco a área anexa. Mas existe uma sala de degustação, dedicada a receber o viajante sedento, onde somos muito bem recebidos:



Lá entrando:



A linha deles é composta de 4 vinhos:


Pude provar todos, confesso que são ótimos vinhos mas na hora me inclinei pelo HD, que significa haut densité, pela relação custo-benefício. Esse vinhedo é um vinhedo de alta densidade de plantas, muitas plantas por m². o vinho resultante é bem expressivo em boca. O 101 Rangs também é muito bom.

Pedaços do solo das áreas de vinhedos do Chateau:



Trouxe na mala o Mademoiselle de T, que esse mês mesmo já apareceu no blog do colega João Filipe e na edição desse mês da Revista Vinícola, a qual fiz referência no post imediatamente anterior a esse, e o Chateau de Tracy. Vamos a eles, bebidos já aqui no Brasil, em casa:


O Mademoiselle é o que tem o rótulo mais elaborado e é o mais "suave" de todos, apesar de trazer todas as características dos vinhos sob a denominação. É a porta de entrada dos produtos do Chateau de Tracy e já proporciona um belo prazer...


Já o Chateau de Tracy é o carro-chefe, o mestrado de Pouilly-fumé. Tudo encaixado, herbáceos, mineral, defumados. Acidez bem presente e encaixada, escorta muita coisa por aí e também funciona sozinho. Acaba na velocidade do som.

Os dois somados me custaram €30. Pelo câmbio que paguei à época, saem a R$ 93,30, sendo R$37,32 o Mademoiselle de T e R$55,98 o Chateau de Tracy. Não trouxe mais por questões logísticas...

Segue close dos preços in loco:


Agora, como esse blog tende a criar polêmica, mantendo sua opinião parcial e verdadeira, gostaria de entender por que o preço cobrado pela Decanter, que é a importadora desses maravilhosos vinhos para o Brasil cobra um preço tão absurdamente diferente do praticado pelo Chateau:

Entendo que a carga tributária é alta (importação, icms, selo de fiscalização, etc), e que ainda há custos de frete e agenciamento, fora o tempo que demora para liberação pela receita federal. Mas tirem as suas próprias conclusões:



Sem mencionar que a safra vendida do Chateau de Tracy é a 2008, o que denota que não deve haver muita saída para esse vinho, e que nos faz ter dúvidas acerca das características do vinho após quase 6 anos, mesmo sendo um belo vinho.

Ou seja: se desejas comprar vinhos de alta gama hoje no brasil, o melhor a fazer é guardar o dinheiro, viajar e trazer de lá...

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